Eu era negro, sim,
tinha a cor mais escura do que qualquer pessoa que eu conhecia em toda a minha
vida. E, isso nunca me incomodou, pois eu nasci para ser feliz e assim serei
não deixarei que me desencorajem por eu ser diferente, eu sou vívido, eu sou
jovial, assim, eu sou feliz.
No
ano de 2001, mesmo defronte com a minha contemporaneidade, eu ainda sofria
preconceitos pela minha cor ser diferente das outras pessoas.
Eu me
chamo Carlos, mas todos me chamam de o ''pardinho''. Tinha pele parda, olhos
castanhos, uma camiseta azul e bermuda vermelha. Eu estudava numa escola muito simples
do Rio de Janeiro. E nela, eu fiz muitos amigos, inclusive uma bela moça que
avistava ao meu alcance, seu nome era Augusta e tinha uma benevolência com
aqueles que se encontravam ao seu redor. O seu compadecimento me fazia forte,
me inspirava; eu a fitei e o dialogo começou.
- Bom dia - dizia
ela com a voz mais fina e aguda que eu já pude escutar na minha vida. Uma voz
equivalente ao canto de Bem-te-vis nas manhãs de sábado.
Eu já
viajei muito com meus pais, que eram ricos, homens nobres de bondade sem igual.
Apesar de eu ser um negro não significava que eu seria pobre, é um dos
preconceitos relacionados as condições financeiras, além do racismo que eu
sofria.
Os
professores da minha escola eram pobres e davam aula na minha escola que era
particular. Nem sempre um educador é um soberano na escola na qual habitará,
pois há a questão da crítica ao professor pelo péssimo ensino e a crítica as
condições financeiras que ele possui. Vimos então, uma inversão de valores, os
quais criam a discórdia de professores e alunos. Os estudantes criticam a forma
de ensinar dos professores, o que realmente é um grande incomodo, e, quando os
próprios mestre invertem os valores que, particularmente, seriam os certos a
serem ensinados os alunos. Os valores os quais me refiro é a respeito do ensino
criticamente correto, pois aquele ensino que segue em benefício do ''sistema'',
que escraviza com trabalhos pouco assalariados e as discrepâncias
econômicas resultam na alienação desses estudantes. Por outro lado, se o aluno
visasse os problemas no mundo e as verdades ocultas iriam a luta contra o sistema,
o que aparentemente, é arriscado, porém abriria os olhos da verdade.
Além
disso, meus pais me deram uma educação rica em valores morais e éticos que me
contagiava todos os dias. Eu aprendi com os meus pais as verdades as quais o
colégio nunca ensinou. Verdades a respeito da sociedade manipuladora e maligna
que se importa com os interesse econômicos, mais do que com os problemas que
abrangem tudo que há no mundo. Eu me sentia a pessoa mais nobre do mundo, e
isso era o que eles queriam. Eles queriam que eu soubesse que há verdades que
valem a pena serem guardadas, com o intuito de, quem sabe um dia, eu faça que a
justiça exista.
Sempre que eu e Augusta, a menina que fitei anteriormente, nos víamos no
colégio é como se dois meteoros chocassem entre si e se desintegrassem no
espaço. Impressionantemente eu estava apaixonado por aquela linda moça de olhos
castanhos e ela tinha os mais belos cabelos escuros presos em duas tranças
e uma linda calça longa colada. Eu fiquei envergonhado no começo, nunca
havia falado com ela antes. Quando eu a encontrei eu dei partida ao papo.
-
Bom dia Augusta, como tu está? - inquiri-lhe.
- Eu ando
bem. É bom vê-lo Carlos, além disso, diga-me! Qual a honra desta bela
conversa?
- Bem...
Quer dar uma volta? Eu sou seu colega de classe e queria conhecê-la
melhor.
- É muito
gentil de sua parte, mas eu não posso. É que meu irmão me proíbe de sair com
qualquer um.
Da
pra acreditar? O irmão dela o proibia de buscar sua própria felicidade ao lado
das outras pessoas. Que safado! Eu tive vontade de perguntá-la onde ele estava
e eis que ele aparece. Um jovem muito alto, com um uniforme de aluno do ensino
médio, cabelos louros e olhos verdes.
- Ei,
vocês. Garotos do fundamental; vocês não vão deixar a minha irmã em paz? -
disse ele.
-
Quem é você? - perguntei-lhe.
- Eu
sou Cesar, irmão de Augusta, a menina que estás paquerando - retrucou-o.
- Eu
não quero me aproveitar de sua irmã, eu apenas quero a sua amizade.
-
Mentira - bradou Cesar.
- Parem
vocês dois! Ei Cesar, o Carlos é um bom rapaz - disse Augusta. - Ele está quase
no fim do ensino fundamental, tem quinze anos, e ele sofre racismo todos os
dias pela sua turma. Veja como ele é um rapaz forte, agüenta as dores que sofre
todos os dias sem desistir nunca.
Cesar
ao ouvir a conversa de sua irmã sente-se cabisbaixo por ter se enganado a
respeito de Carlos. Ele pensou que o garoto quisesse aproveitar-se de sua irmã,
mas era nada mais que uma amizade inocente.
-
Certo! Sinto muito Carlos, eu fui um idiota. Sejamos amigos? Por favor? -
implorou Cesar.
-
Claro que sim, meu amigo. Todavia, eu quero ir à casa de vocês, enfim eu já que
tenho novos amigos para curtir a vida - disse Carlos empolgado.
Eles
riram não de deboche, mas ao meu lado como se fossem meus grandes amigos. Era
uma alegria; naquela hora eu percebi que pela primeira vez eu estava sendo
respeitado e amado. Eu reflito novamente a respeito do ''sistema'' se as
diferenças fossem tratadas pelo uso do respeito acho que o mundo teria muitas
conquistas, dessa forma ali pensei. Não é através da uniformização de raças que
se cria um mundo melhor. Explicarei-lhe, leitor, de uma forma mais simples: por
exemplo, a mídia, ultimamente, mostrou em novelas beijos gays com o intuito do
incentivo a prática homossexual, se o certo era ensinar as pessoas a respeita.
Esse tipo de ação criou muitas polêmicas e discussões com baixa visão de mundo
por parte das pessoas, deste modo, penso que '' esse texto está valendo a pena''.
Ao
caminhar pelas ruas da cidade na direção da casa de Augusta e Cesar, avisto um
garoto fumando maconha perto de um muro. Ele tinha olhos vermelhos preenchidos
pelas várias noites sem conseguir dormir, lábios secos entregues ao vício
sublime da droga; também ele tinha pele amarelada e magreza extrema. Aquele era
meu amigo de infância, Fábio, um garoto que terminou o ensino médio, porém
perdeu os pais logo depois que ele se formava. Algum tempo depois ele perdeu
sua namorada para um babaca que parecia ser rico. Naquela época eu não aceitava
o sofrimento pelo qual Fábio sofria, então decidi ajudá-lo.
-
Fábio! - gritei para ele.
A
metodologia para as dores que sofremos é relevante a superação. Mas de que modo
podemos superar as nossas dores? É com o apoio, a compaixão que sentimos pelos
nossos semelhantes e, apesar de nossas diferenças, ainda podemos fazer nossa
parte. Os métodos são: cooperação; compaixão; apoio; superação, dentre outras
infinitas que eu poderia citar.
Meus
amigos correram atrás de mim para ver o que estava acontecendo e eu lhes contei
toda a história, e virei meus olhos fixamente para o garoto que já não
conseguia ergue-se em pé.
-
Escute meu amigo! Você precisa se tratar. Veja, você está magro e hei que lhe
digo que precisas se alimentar. Largue esse bendito vício maldito -
implorei-lhe.
- Se
você tivesse perdido tudo tu estarias na mesma situação que eu. Tu não sabes de
nada! Eu não quero ouvir conselhos de você - disse Fábio olhando para o céu
infinito e azul.
- Olhe!
Tu achas que eu não passo por dificuldades como tu? Claro que passo. Ouça,
todos nós sofremos uma vez na vida. Porém, se nós erguemos as nossas cabeças e
continuarmos lutando contra os desafios da vida, seremos capazes de tudo,
entendes?
- Sim
eu entendo! - então meu amigo, o Fabio, levanta-se e segura minha mão.
Nós o
levamos para uma clínica de reabilitação, donde ele se recuperaria e seguiria
em frente na sua vida.
Depois disso, fomos a casa dos meus amigos, e nós estávamos morrendo de
fome. Eu liguei aos meus pais e disse que passaria uns dias na casa deles.
- Por
que demoraram tanto tempo seus pestinhas?- inquiriu a Dona Chica, avó de
Augusta e Cesar.
-
Desculpem-nos a demora! Eu estava ajudando um grande amigo - disse Augusta
sorrindo para mim, e seu irmão rindo junto.
- Muito bem! Entrem, antes que morram de fome. Depois quero que me contem toda
a história.
Contamos toda a história para a Dona Chica, e logo se percebe os olhos de
espanto e ao mesmo tempo de incandescente brilho. O orgulho sentido por ela
melhorou o seu humor rabugentos de algumas horas atrás e se viu esperançosa a
respeito do futuro de seus netos e, principalmente, a mim.
- Eu estou muito orgulhosa de vocês três - disse D. Chica encantada -, meus
parabéns!
- Obrigado! - nós agradecemos!
D.Chica era uma mulher simpática, porém muito rabugenta ao mesmo tempo. Ela
tinha longos cabelos brancos presos num coque, rosto enrugado como um limão que
foi torcido por muito tempo, e também tinha olhos azuis como os mares da ilha
de Paquetá.
-
Chegou a noite enquanto Cesar lia um belo livro chamado A Moreninha, eu e
Augusta contemplávamos as estrelas no céu, ela olhou para mim
fixamente e me beijou logo em seguida. Foi um beijo rápido, um sonho, até
chegar o dia seguinte.
-
Venham rápido! - disse Dona Chica na manhã seguinte.
- O
que aconteceu? - indaguei-lhe.
- Meu
deus! Augusta está doente, de cama, chamamos um médico e ele disse que
ela está com AIDS.
Foi
como um meteoro que se chocava contra o nosso planeta ao invés de outro meteoro
semelhante. Ontem, eu vivia um sonho, agora a realidade perpassava a minha
mente como um vulto de tão rápido que era. Aquilo era equivalente a um
neurotransmissor que alcançava os confins do meu cérebro. A minha amada
morreria logo se não a cuidassem, e também haveria a chance de eu ter contraído
a doença. Meu deus foi tantos sentimentos ruins que me fizeram chorar noites e
noites.
-
Passaram-se muitos meses, e eu visitara a minha querida no hospital naquele
dia. O piso do hospital estava mais frio do que antes, quando eu olhava a minha
volta observava doutores levando pacientes gravemente feridos para salva-los,
era como se eu estivesse ao encontro do, Inferno
de Dante. Tudo que eu avistava lá era apenas a morte em busca de suas
vítimas, e minha querida Augusta seria a próxima.
-
Agüente firme, meu amor! Você é forte e ficarás bem, eu sei - disse eu chorando
muito.
-
Querido, você precisa viver sem mim - declarou ela -, além disso, és um homem
audacioso que não se deixa abalar por nada, é por isso que me apaixonei por
você. Seja feliz ao lado de outra moça, uma que lhe agrade, e que te ame
eternamente.
A mão
que estava unida a minha soltava-se lentamente, a minha amada morria naquela
noite de chuva. Eu caia na melancolia eterna, nunca sofrera tanto na minha
vida. Quando de repente, encontro o doutor e peço-lhe para fazer um exame em
mim. No momento que ele chegava com o exame em mãos ele logo me disse que eu
também tinha contraído o vírus através de uma relação sexual que tive com
Augusta, e agora estava um pé na sepultura.
Mais
alguns longos se passaram e eu estava de cama, meus pais me visitavam toda
hora. Dona Chica trazia ervas e bolinhos, pois achava que com mais comida podia
curar um moribundo. Pobre velha inocente, ela tentava me ajudar mas não
percebia que eu estava caído; imobilizado e sem esperanças, até que um grande
amigo aparece, sim, Fábio voltara recuperado e vinha vê-me.
-
Você não está nada bem! - perguntou ele.
- É
verdade, mas antes que eu morra lhe peço um ultimo desejo. Contem a todos os
novos amigos que fizeres sobre a história de vida e superação que tive, eu sou
um cara forte e agüentei tudo de cabeça erguida e com a mão no coração, faça
isso por mim por favor.
E
então, Fábio segurava a minha mão chorando muito, dizendo que eu iria
sobreviver. Ele que antes perdia todas as esperanças, agora que se recuperava
do vicio das drogas graças a mim e meus amigos e ele sabia que não poderia
abandonar a fé nunca mais. Eu tentei superar a doença de todas as formas
possíveis, quando meus pais me visitaram no hospital continuaram me passando
forças para que eu continuasse vivo e lutasse contra a doença, porém os
doutores percebiam o agravamento de minha doença e que eu morreria.
Eu
escrevi tudo que acabares de lê, leitor, eu estou morrendo e este é o meu
ultimo suspiro. Peço-lhes que divulguem a minha história e que se tornem parte
da vida de vocês, eu fui um jovem que lutou contra o medo, a morte e a dor.
Agora fui abatido para descobrir os prazeres de uma nova vida no paraíso.
'' O respeito
vem da aceitação do próximo, se nós aprendermos a respeitar logo estaremos
aceitando que vive ao nosso lado. Essa é a lei básica da vida, o amor também
vem dessa aceitação; o respeitar é o correto para que a sociedade siga seu
curso com justiça e honra. Nada na vida vale mais que nossos valores, nem mesmo
o dinheiro, que nos entrega a eterna cobiça. Eu prefiro ser um defunto bom do que um bom defunto (pessoa que morreu por
nada). Eu vivi por algo que valia a pena: ''os
meus amigos e minha família ''.
Autor: Franklin
Furtado Ieck
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