sábado, 8 de março de 2014

O Carente Cãozinho

  Num belo dia de verão, no ano de 2009 d.C (depois de Cristo), ouvi-se um grito capaz de acordar toda a vizinhança, que lá tinha dormido a noite inteira. Eram sete horas da manhã quando uma família muito alegre acordara naquele dia, a manhã era quente, o sol brilhava e estava preparado para abrir os olhos dos familiares que supostamente presenciariam o nascimento de cinco filhotinhos lindos, porém a mãe que dera a luz morrera logo em seguida, mas o brilho de vida naquele local foi graças ao sacrifício da pobre mãe. Então ouve-se a voz de Dona Joaquina, moça que nasceu com um sotaque inglês e veio morar no Brasil disse-lhe as seguintes palavras:
- Queridos, temos apenas dinheiro o suficiente para cuidar de um cachorrinho, enquanto aos outros doaremos aos vizinhos - disse a bela moça -, levem-no para dentro.
   Então ficou apenas um cachorro, porém, esse era especial, tinha uma característica diferente dos demais. Durante dois meses de vida já se podia ouvir o cão falar alto e espontâneo na mesma língua dos familiares.
- Então, o que há de comer hoje - disse o cãozinho, esperando que o aperitivo estivesse pronto.
   Todos haviam ficado espantados com a forma pela qual o cão interagia com as outras pessoas; é algo novo na história do mundo, um cãozinho falar, o que era latidos acabou virando versos.
- Mãe, eu queria chamá-lo de Platão, apesar de ele ser muito inteligente, gostaria que ele tivesse esse nome - disse Ronny, um dos filhos bobos de Dona Joaquina.
- Bom dia Ronny! - dizia uma menina - É um lindo cãozinho, o que mais me espanta é que ele fala.
- Hey Elizabeth, você não tinha uma prova para estudar? O que fazes por aqui? - perguntava Dona Joaquina.
- Calma eu já estou indo... Eu quero relembrar uma coisa ao Ronny ''Com o saber e o amor, o ser humano torna-se mais completo. ''
  O menino Ronny estranhou o papo da menina e disse:
- Nossa! Os seus Avôs ainda lhe contam essas bobagens?
 A menina fez uma cara de braba para Ronny, deu meia e volta e foi embora.
 Passou-se algum tempo depois, durante três meses de existência o pobre cachorro já podia ficar em pé, agora ele andava em duas patas, apesar da mudança, a família nunca rejeitou o animalzinho, e ele começou a sair como se fosse uma pessoa normal.
- Droga, eu queria ser que nem os outros cachorros, por que eu nasci dessa forma, me diga amigo Ronny - disse o cãozinho Platão -, eu não sou normal.
- Que besteira está falando Platão? Olhe para nós somos pobres, não temos dinheiro o suficiente para um bom sustento, porém, eu tenho meus amigos e minha família e eu os amo muito. Você é meu animalzinho e eu cuidarei de você até morrer.
- Sim, obrigado, e você diz que eles sempre lhe apoiaram. - disse o cãozinho Platão coçando o nariz -, eu fico feliz que tenhas grande consideração por mim, meu dono.
   Durante algum tempo, alguns cães e pessoas começaram a debochar do cãozinho por ser diferente; apelidos que eram facilmente decorados, um dos apelidos era conhecido como ''cão estranhamente bobo de duas patas''. Qualquer cão que recebesse uma ofensa assim já partiria ao ataque, mas o coração meigo de Platão não permitia que ele cometesse suma descortesia, pois ele não era um cachorro violento, mas pacífico.
- Quero dormir, deixe-me em paz, Ronny - disse Platão derramando lágrimas em seu travesseiro como um rio que não conseguia seguir seu curso e o choro era infinito como um mar que nunca secava -, eu não suporto quando me humilham, eu fico muito triste.
- Desejo que melhores logo, meu amigo - disse Ronny ao ver seu companheiro deprimido em seu leito -, eu te amo cãozinho. E ele da um beijo em seu animalzinho bem no rosto.
   O cãozinho ficou deprimido, mas o forte e corajoso Ronny apoiou o seu braço em seu amiguinho e toda a tristeza foi embora como um passe de mágica e lá estava o cão em pé correndo pela quadra.
- Vamos correr, pois o céu está lindo e o brilho do sol está ofuscante trazendo-nos ao resplendor da vida, de tal modo que, viver é ser feliz.
   Com o tempo o cãozinho conseguia falar de uma forma tão culta que poucas pessoas ao redor podiam entender, ele falava tão culto que todos ao seu redor diziam que ele deveria ser um cão professor, mas infelizmente Platão adorava usar sua mente para pensar e refletir sobre os acontecimentos que abalavam o mundo. Tinha um ponto de vista único, uma maneira simples de ajudar as pessoas sem que afetasse aos demais, assim nasce o primeiro sonho do cãozinho, ele queria servir às pessoas, ajudar quem precisasse, era a missão de Platão. Ele nunca se esqueceu das palavras da amiga de Ronny, a Elizabeth, sobre o ser humano agarrar-se ao pensar e ao amor (objetividade e subjetividade).
   Dez anos se passaram, e o Platão que agora tinha um aspecto de homem adulto e seu amigo Ronny montaram uma empresa chamada ''União Humana'' para ajudar crianças pobres e necessitadas, e a metade dos investimentos iam para as famílias pobres, a bondade dos dois era sem limites, o sucesso veio do esforço e da competência de ambos, eles fizeram muitos inimigos, porém sempre mantiveram suas cabeças erguidas quanto os obstáculos da vida. Assim eles vivem uma vida cheia de bons momentos.
   No final Platão apaixona-se por uma cadela de quatro patas, provando de que as diferenças não contam apenas o amor é que importava. Além disso, o caminho para a felicidade do cãozinho se estendia sem fim, enquanto isso, Ronny que estava casado com uma bela moça que nasceu no Japão e passava a lua de mel junto ao cãozinho que houvera criado por tanto tempo. A moça se chamava Louise, tinha olhos verdes como as esmeraldas mais encantadoras do mundo, cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, pele branca como a neve da Rússia pesada, mas com um gosto bom.
- Eu te amo - disse Platão completamente apaixonado pela sua cachorrinha.
- Eu amar-te-ei eternamente - disse sua amada em voz alta com um forte latido.
   E assim todos vivem felizes, esquecendo os problemas, as discussões e os preconceitos para buscarem o significado de uma vida cheia de luz, pois raça não importa, o que importava naquele instante de grande felicidade era o amor e, o pensar para as inovações em pró da população.

Autor: Franklin Furtado Ieck

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