- Queridos, temos
apenas dinheiro o suficiente para cuidar de um cachorrinho, enquanto aos outros
doaremos aos vizinhos - disse a bela moça -, levem-no para dentro.
Então
ficou apenas um cachorro, porém, esse era especial, tinha uma característica
diferente dos demais. Durante dois meses de vida já se podia ouvir o cão falar
alto e espontâneo na mesma língua dos familiares.
- Então, o que há
de comer hoje - disse o cãozinho, esperando que o aperitivo estivesse pronto.
Todos
haviam ficado espantados com a forma pela qual o cão interagia com as outras
pessoas; é algo novo na história do mundo, um cãozinho falar, o que era latidos
acabou virando versos.
- Mãe, eu queria
chamá-lo de Platão, apesar de ele ser muito inteligente, gostaria que ele
tivesse esse nome - disse Ronny, um dos filhos bobos de Dona Joaquina.
- Bom dia Ronny! -
dizia uma menina - É um lindo cãozinho, o que mais me espanta é que ele fala.
- Hey Elizabeth,
você não tinha uma prova para estudar? O que fazes por aqui? - perguntava Dona
Joaquina.
- Calma eu já
estou indo... Eu quero relembrar uma coisa ao Ronny ''Com o saber e o amor, o
ser humano torna-se mais completo. ''
O menino
Ronny estranhou o papo da menina e disse:
- Nossa! Os seus Avôs
ainda lhe contam essas bobagens?
A menina fez
uma cara de braba para Ronny, deu meia e volta e foi embora.
Passou-se
algum tempo depois, durante três meses de existência o pobre cachorro já podia
ficar em pé, agora ele andava em duas patas, apesar da mudança, a família nunca
rejeitou o animalzinho, e ele começou a sair como se fosse uma pessoa normal.
- Droga, eu queria
ser que nem os outros cachorros, por que eu nasci dessa forma, me diga amigo
Ronny - disse o cãozinho Platão -, eu não sou normal.
- Que besteira
está falando Platão? Olhe para nós somos pobres, não temos dinheiro o
suficiente para um bom sustento, porém, eu tenho meus amigos e minha família e
eu os amo muito. Você é meu animalzinho e eu cuidarei de você até morrer.
- Sim, obrigado, e
você diz que eles sempre lhe apoiaram. - disse o cãozinho Platão coçando o
nariz -, eu fico feliz que tenhas grande consideração por mim, meu dono.
Durante algum tempo, alguns cães e pessoas começaram a debochar do
cãozinho por ser diferente; apelidos que eram facilmente decorados, um dos
apelidos era conhecido como ''cão estranhamente bobo de duas patas''. Qualquer
cão que recebesse uma ofensa assim já partiria ao ataque, mas o coração meigo
de Platão não permitia que ele cometesse suma descortesia, pois ele não era um
cachorro violento, mas pacífico.
- Quero dormir,
deixe-me em paz, Ronny - disse Platão derramando lágrimas em seu travesseiro
como um rio que não conseguia seguir seu curso e o choro era infinito como um
mar que nunca secava -, eu não suporto quando me humilham, eu fico muito
triste.
- Desejo que
melhores logo, meu amigo - disse Ronny ao ver seu companheiro deprimido em seu
leito -, eu te amo cãozinho. E ele da um beijo em seu animalzinho bem no rosto.
O
cãozinho ficou deprimido, mas o forte e corajoso Ronny apoiou o seu braço em
seu amiguinho e toda a tristeza foi embora como um passe de mágica e lá estava
o cão em pé correndo pela quadra.
- Vamos correr,
pois o céu está lindo e o brilho do sol está ofuscante trazendo-nos ao
resplendor da vida, de tal modo que, viver é ser feliz.
Com o
tempo o cãozinho conseguia falar de uma forma tão culta que poucas pessoas ao
redor podiam entender, ele falava tão culto que todos ao seu redor diziam que
ele deveria ser um cão professor, mas infelizmente Platão adorava usar sua
mente para pensar e refletir sobre os acontecimentos que abalavam o mundo.
Tinha um ponto de vista único, uma maneira simples de ajudar as pessoas sem que
afetasse aos demais, assim nasce o primeiro sonho do cãozinho, ele queria servir
às pessoas, ajudar quem precisasse, era a missão de Platão. Ele nunca se
esqueceu das palavras da amiga de Ronny, a Elizabeth, sobre o ser humano
agarrar-se ao pensar e ao amor (objetividade e subjetividade).
Dez
anos se passaram, e o Platão que agora tinha um aspecto de homem adulto e seu
amigo Ronny montaram uma empresa chamada ''União Humana'' para ajudar crianças
pobres e necessitadas, e a metade dos investimentos iam para as famílias
pobres, a bondade dos dois era sem limites, o sucesso veio do esforço e da
competência de ambos, eles fizeram muitos inimigos, porém sempre mantiveram
suas cabeças erguidas quanto os obstáculos da vida. Assim eles vivem uma vida
cheia de bons momentos.
No
final Platão apaixona-se por uma cadela de quatro patas, provando de que as
diferenças não contam apenas o amor é que importava. Além disso, o caminho para
a felicidade do cãozinho se estendia sem fim, enquanto isso, Ronny que estava
casado com uma bela moça que nasceu no Japão e passava a lua de mel junto ao cãozinho
que houvera criado por tanto tempo. A moça se chamava Louise, tinha olhos
verdes como as esmeraldas mais encantadoras do mundo, cabelos loiros presos em
um rabo de cavalo, pele branca como a neve da Rússia pesada, mas com um gosto
bom.
- Eu te amo -
disse Platão completamente apaixonado pela sua cachorrinha.
- Eu amar-te-ei
eternamente - disse sua amada em voz alta com um forte latido.
E
assim todos vivem felizes, esquecendo os problemas, as discussões e os
preconceitos para buscarem o significado de uma vida cheia de luz, pois raça
não importa, o que importava naquele instante de grande felicidade era o amor
e, o pensar para as inovações em pró da população.
Autor:
Franklin Furtado Ieck
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