Eu vivia numa época
em que os robôs estavam sendo produzidos. Eu fui uma das primeiras gerações de
robôs do mundo. O ano era 3000 d.D (depois do Rei Darius) e o mundo presenciava
a evolução da raça humana por tecnologias absolutamente avançadas. Porém a
únicas raças que restaram nessa época foram de alguns mamíferos e,
principalmente, os humanos e suas extinções seriam imediatas se eles não
agissem, mais uma vez, os humanos desvalorizam aquilo que lhes dão a vida e
futuramente sofrerão as conseqüências.
Autor: Franklin Furtado Ieck
Enfim
eu sempre quis entender o que leva os seres humanos a sofrerem. Eu não sei
dizer, ás vezes eu me sinto confuso e me questiono. Que sentimentos eles
carregam? Eu já não podia entender, pois eu era um robô. Meu criador me fez
antes de morrer. Ele foi infectado por um vírus mortal e acabou
falecendo. O meu mestre era um homem de um intelecto muito alto e ele me
limpava e trocava meu óleo todos os dias, e eu sempre me sentia muito aliviado
por ele cuidar de mim o tempo inteiro. Eu aprendi sozinho a interagir com outros
seres humanos, e quando ele morreu, eu fui levado por duas pessoas que cuidaram
de mim e me deram um lar. E mesmo eu não sendo humano eu fui muito bem aceito
por eles. Eles eram pessoas nobres e com uma renda média de dinheiro muito boa,
e muito meigos de espírito com um coração do tamanho da
Torre Eiffel.
A
fabulosa Yara, cabelos loiros soltos, com olhos castanhos e um lindo sorriso, e
uma pele branca igual à neve. Ela tinha 40 anos, porém sua beleza interior era
jovial que escondia uma inocente capacidade de amar, algo que eu não entendia,
pois eu era um robô. A sua filha, Alicia, tinha 18 anos e tinha cabelos escuros
soltos, sardas pelo rosto branco e jovial. O que a moça sardenta mais gosta de
fazer é escutar musicas, jogar vídeo game e fazer novos amigos. Por alguns
dias, a menina olhava para meu rosto e se surpreendia. Na verdade, quando eu
fui criado, eu utilizava uma pele artificial idêntica ao dos humanos: Eu tenho
olhos castanhos, pele branca com uma tonalidade um pouco mais forte e tinha sardas
pelo nariz.
-
Realmente o tempo está ficando quente, sorte que achamos essa base aqui
blindada com muita água e suprimentos em caso você, sua família e amigos
queiram sobrevier - argumentei com Yara -, o mundo anda um caos ultimamente.
Não era o mesmo mundo que meu mestre Mario dizia que era - eu não entendo.
- É
meu filho! Você nasceu na época errada, o mundo na era d.C, mais conhecida como
a depois de Cristo, foi conhecida como a era da alegria, pois antes apesar de
haver muitas desigualdades muitas pessoas tinham liberdade de viver, pois,
comparado a hoje tudo parece que entrou em um extremo caos.
-
Quem é Jesus, senhorita Yara? - curioso eu lhe inquiri a respeito desse tal
homem.
-
Quando morreres logo tu entenderá; você lembra que tem um objetivo na vida
Robô, não é ?
-
Sim eu tenho!
Logo
eu olhei pela janela da base a qual nós estávamos, e avistei pessoas correndo
desesperadamente não suportando o calor que queimava suas peles e a fome e sede
que secavam suas gargantas os levando ao sofrimento eterno. Eu assistia a morte
de crianças do topo gritando e chorando. Eu observava homens com suas armas
matando uns aos outros sem antes pensarem no que estavam fazendo e naquele
momento eu considerava a idéia de desespero humano que eu avistava de
longe.
-
Você acha isso certo Yara? - eu lhe inquiri -, pessoas estão morrendo lá fora e
de alguma forma eu vejo e não aceito esse tipo de coisa e veja, eu não sou
humano mas eu sinto a sensação de que isso não é certo.
- É o
castigo aos ratos que amaldiçoaram esse planeta por muitos anos, o destruindo,
o poluindo, o desmanchando com cobiça e maldade. Esse é o mundo de agora, o
juízo final, a redenção espiritual, a qual todos se juntaram e alcançarão a
Deus.
Eu
sentia uma sensação estranha, logo eu saio da base correndo sem escutar a voz
de Yara me intervindo. Eu me apressei e tentei salvar uma das meninas na rua,
porém o calor queimava a minha armadura aos poucos e ela em contato com a
pele da criança queimava mais, eu agarrei a menina e a levei para base,
inusitadamente ela me disse um nome lindo e um sobrenome familiar, Sasha Castro
Alves Johnson, que por algum motivo misterioso o sobrenome estava gravado no
meu HD.
-
As
duas moças me acolheram e me levaram para dentro, logo eu pude ser consertado e
aliviado. As mãe e filhas eram muito tímidas, trabalham muito para ter uma vida
feliz e muito promissora. O pai de Alicia e marido de Yara, foi trabalhar no
exterior com o intuito de adquirir uma oportunidade de emprego para família
conseguir um bom dinheiro e nunca mais voltou, talvez o pobre homem tenha
morrido quando o inferno veio a terra. Outro sentimento que eu colocava em
questão era a respeito da saudade. Eu não entendia os sentimentos humanos, não
sabia o que tinha de tão especial em um toque gentil, um cafuné ou um abraço,
coisas que eu não compreendia, mas com o tempo eu fui me acostumando até que eu
e a Alicia tivemos uma longa conversa:
-
Minha jovem, diga-me: você tem um namorado? - eu lhe inquiri -, é apenas uma
curiosidade. Eu guardo o relatório e as informações de todos os meus donos e
mantenho no meu sistema de memórias.
Alicia estranhou! A menina fez uma cara de surpresa e depois riu de mim
como se fosse um deboche, eu então perguntei à ela:
-
Qual a graça? - indaguei-lhe.
- Eu
tenho namorado! Eu ri do que tu disseste antes, amigo robô. Se queres parecer
com nós humanos precisas usar gestos mais educados, tais como: ''hoje é um belo
dia para contemplar o brilho radiante do sol.''
- Mas
qual o sentindo de observar uma bola de energia que garante a nossa
sobrevivência, digo, apenas a de vocês humanos, pois eu não preciso do sol para
sobreviver e apenas a minha pele artificial morreria, mas minha carapaça
robótica permaneceria existente. Eu sou uma forma de vida que depende de óleo
para sobreviver e se vocês morrerem eu também deixarei de existir pois não
haverá ninguém que me forneça o óleo.
-
Robô! ouça-me por um instante - disse ela -, você precisa enxergar beleza nas
coisas, zoar as coisas mais estúpidas que veres, assim serás um humano.
Enquanto você estiver preso a dados que corresponde a informações cerebrais
você será um recluso.
-
Você tem toda razão, porém eu tenho um sonho...
Eu
não contei a Alicia antes, mas meu sonho era ter uma alma humana. Dizem que
nela guardam-se todos os sentimentos de amor e ódio e por isso eu me sentia
incapacitado de amar e era algo normal para outros seres viventes do planeta.
Eu contei a história à ela, e ela se surpreendeu.
- Eu
entendo Robô, mas um dia terás uma alma. Se você aprender a amar como um ser
humano uma luz nascerá de seu peito e ela será o seu bem maior. Valorize o que
há dentro de si e aquilo nascerá o que temos por fora logo murchará e fica
feio, mas a nossa alma é eterna, é bela.
Foram
às palavras mais lindas que eu já ouvi, eu programei meu cérebro eletrônico
para sorrir os lábios de meu rosto, foi a primeira vez que eu sorrir, a mercê
de meu corpo imperfeito. Contudo, eu sempre excluía dados do meu sistema que se
correspondem aos sentimentos ruins, eu apenas aprendia a amar.
Após
muitos pensamentos e valores adquiridos da raça humana eu não fiquei parado
como um robô serviçal, e sai pelas ruas salvando todas as pessoas que eram
impedidas pelos guardas de entrarem na base, a qual refletia a luz solar de
volta para a atmosfera. Eu pressentia que o calor logo aumentaria e aquela base
desmancharia, porém, eu não desisti, eu queria garantir a salvação de muitas
pessoas vivas antes do apocalipse.
-
Quando eu subi no altar e peguei o microfone para me comunicar com todos os
humanos sobre a ameaça inevitável eu quis sensibilizá-los de que tudo daria
certo e que não era para terem pânico.
-
Vivemos aqui durante muitas eras e ainda estamos vivos! Vejam, ouçam a minha
voz. Essa é a vitória dos seres humanos que alcançam o triunfo e das inúmeras
conquistas na criação desse mundo, apesar das desigualdades e horrores, de
alguma forma, com a minha eu pude trazer toda a raça humana que restou para
essa base, de todos os países, agora estamos unidos. Pela primeira vez estamos
unidos; a união é uma façanha nunca alcançada pela humanidade, viva a nós.
-
Vivos - E os gritos de viva atravessam o globo criando a certeza de que não
importa se somos vivos ou mortos. Estivemos vivos aqui e criamos muita
história, é o que faz desse mundo fruto da existência humana.
Passaram-se muitos anos e nesse tempo a família de Alicia cresci muito, eu a vi
morrer pouco depois de sua mãe. Eu vi suas filhas, suas netas, suas bisnetas e,
sucessivamente, observei o mundo regredir muito. O homem destruiu completamente
a natureza, os humanos foram extintos junto com outras formas de vida, pois o
sol também havia morrido de uma forma inesperada. Apenas restei eu vivo. Eu
estava sem óleo, e eu seria automaticamente desligado até que eu dou meu ultimo
suspiro.
- Eu
aprendi a amar durante esse tempo eu conheci uma moça, eu me apaixonei por ela,
porém morreu sessenta anos depois, pena que ela não reconheceu, não é Alicia.
Eu fui o único robô do mundo que se apaixonou por uma humana. Eu fui o único
robô que encontrou a verdadeira força para viver e aprendeu a amar. Eu estou
feliz, eu acho que consegui o que tanto queria, depois do recluso tempo que estive
alienado em códigos fontes que me mantinham vivo, agora eu sou livre e disso eu
sei.
O meu
sistema se apagou. Naquele momento eu pensei que era o fim até que ouço uma
benevolente voz que me agarrou com força e disse:
- Bem
vindo de volta - disse Yara, mãe de Alicia -, eu estou feliz em vê-lo Robô,
parece que você ganhou sua alma, nos lhe dissemos que conseguirias.
-
Obrigado por tudo, todos vocês, amigos que me deram forças para que eu
obtivesse uma vida normal que nem à de vocês. Eu estou muito feliz - disse-lhe
à todos os integrantes da família que lá estavam.
-
Meus parabéns, minha grande invenção - disse meu mestre, meu criador, meu pai.
-
Pai. Você também está aqui? - perguntei-lhe.
- Sim
eu estou aqui! Eu o criei com o propósito de aprenderes com os seres humanos, e
parece que foste capaz de muitas coisas incríveis, eu estou encantado de estar
em presença de um ser tão forte e inteligente como você, Robô. Me diga, o que
aprendeste em toda a sua vida?
Foi
uma pergunta simples! Eu aprendi muitas coisas enquanto estive envolto na
exuberante vida terrestre. Eu compreendi que podemos conseguir qualquer coisa
se lutarmos. Aprendi que a vida não se baseia apenas em conhecimentos
profundos, não, são lições de vidas que são acompanhadas quando somos aptos a
por os pés na rua e encarar a vida, com muitas brincadeiras na infância e
momentos de prazer e harmonia na fase adulta. Eu amei e vivi, agora eu fui
libertado. Finalmente eu estou ao lado das pessoas que me fazem bem, os meus
amigos, a minha harmoniosa família.
Autor: Franklin Furtado Ieck
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